terça-feira, 19 de junho de 2012

Um compromisso de Brasil, EUA e Ruanda pelas florestas

SBPC - jornal da ciência
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8. Um compromisso de Brasil, EUA e Ruanda pelas florestas
 
A União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês) anunciou ontem (18), no Riocentro, que instituições de Brasil, Estados Unidos e Ruanda, na África, comprometeram-se em restaurar mais de 18 milhões de hectares degradados de florestas até 2020.

A iniciativa faz parte do Desafio de Bonn, lançado em setembro do ano passado naquela cidade alemã. Segundo o acordo, com a decisão de outros países, 150 milhões de hectares devem ser restaurados até o fim desta década, o que injetaria US$ 80 bilhões nas economias locais e globais.

Governos estaduais e ONGs se comprometeram a restaurar 1 milhão de hectares da Mata Atlântica, o bioma mais degradado do Brasil. Os EUA farão sua parte em 20 florestas, onde pretendem recuperar 15 milhões de hectares de florestas; e Ruanda, em 2 milhões de hectares. A área preservada deve crescer até o fim da conferência: instituições baseadas na América Central e no México já calculam o tamanho da área que pretendem reparar.

"Esta é a maior iniciativa de restauração da História", comemorou Bianca Jagger, embaixadora da campanha Plant a Pledge ("plante uma promessa"), da IUCN. "Veremos resultados incontestáveis para o bem-estar das futuras gerações. Mas precisamos persuadir outros países. Ainda estamos no início do trabalho".

A cúpula da IUCN se manifestou contra a retirada da conservação das florestas do novo rascunho de acordo, proposto no sábado pela delegação brasileira. A instituição reforçou o lobby entre os negociadores e espera convencer outras nações a firmarem metas para salvar suas áreas verdes.

O andamento do projeto já está avançado com a Aliança Mesoamericana de Povos Indígenas, atuante em nações como a Guatemala, Nicarágua e México. Só neste último país, já foram identificados 13 milhões de hectares de florestas que poderiam receber ações de conservação. Para bater o martelo e juntar-se de fato à campanha, faltam apenas acertos entre os governos da região.

"Até recentemente, as pessoas não debatiam sobre estes ecossistemas. E é um tema tão óbvio que não vejo como possa haver controvérsia nas negociações", criticou Ashok Khosla, presidente da IUCN. "Estabelecemos uma meta ambiciosa, que pode gerar muitos empregos e impactos benéficos aos ecossistemas, à biodiversidade e ao combate à desertificação, que estão entre os principais temas da conferência".

As metas estabelecidas são voluntárias, e a IUCN pretende acompanhá-las anualmente. No Brasil, o trabalho com as áreas degradadas caberá ao pacto pela restauração da Mata Atlântica, que reúne 219 instituições. O grupo fez um mapeamento de áreas potenciais do bioma que poderiam receber plantio de novas mudas, mas não para uso agrícola.

"Priorizamos topos de morros e regiões que, por obrigação legal, deveriam ser restauradas, como áreas de preservação permanente", explicou Pedro Castro, secretário-executivo do Pacto. "Em todos os estados onde o bioma está presente há fragmentos dele que podem passar por nosso projeto. Queremos, então, recuperar 1 milhão de hectares até 2020, particularmente em Minas Gerais, e outros 16 milhões antes de 2050. O programa geraria até 60 postos de trabalho por hectare".

Assim como os ambientalistas da Mata Atlântica, que já firmaram objetivos para as próximas décadas, as entidades reunidas em Bonn no ano passado também foram ambiciosas. O encontro avaliou que, em todo o planeta, há pelo menos 2 bilhões de hectares de matas passíveis de recuperação, da Groelândia à Austrália - embora a degradação seja maior na Austrália e na África. A área corresponde a mais que o dobro do território brasileiro.
(O Globo)

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